terça-feira, março 28, 2006

O Bilheteiro

Conto-vos uma história breve deste meu Portugal.
Vai uma pessoa ver um espectáculo a uma conceituada sala, expressamente feita para os ditos e depara-se com um senhor de farda, não, não é um polícia, que também os há à porta desses locais (há-os por todo o lado!), mas um senhor que vende bilhetes. É portanto um bilhetelheiro ou bilheteiro ou mesmo, um senhor que vendes bilhetes. Com um computador à frente e um telefone ao lado, lá está ele, para nos vender os ingressos, como se diz no Brasil, e qualquer dia em Portugal, à velocidade com que nos assenhoramos das expressões dos outros... Bem, ou então para os reservar ao público indeciso que tem na sua vida muita coisa com que se preocupar e a sua decisão final depende de diversos factores, pois não quer comprar bilhetes em vão. Assim, preferindo eu o contacto visual ao contacto telefónico, lá fui com a intenção de reservar dois bilhetes para o espectáculo. Fiquei-me pois pela intenção! O senhor, investido pelo poder que a farda lhe confere, lá me diz que não, as reservas não podem ser feitas pessoalmente, só por telefone. São regras! Ora eu, feroz adepta da simplificação da vida, lá tentei perceber como podia ser possível, estando ali, não poder fazer as reservas no momento e ter de fazê-las por telefone. A minha tentativa de persuadi-lo a agir logicamente foi debalde. Mas não me resignei! Pedi o número de telefone e saindo furiosa, coloquei-me descaradamente em frente à porta de vidro e reservei os bilhetes! Será que o senhor percebeu a irracionalidade daquela regra? Enfim, resta-nos a esperança.

Teresa Rouxinol